São Fanzines Senhor!


Grabiel Bá e Fábio Moon são autores premiados no Brasil e nos Estados Unidos, mais conhecidos do público em geral pelo seu trabalho em Casanova (com Matt Fraction) e Umbrella Academy (com Gerard Way) contudo o começo da sua carreira foi no fanzine "10 Pãezinhos", que ganhou diversos prêmios HQ Mix.

"10 Pãezinhos: Fanzine" é um álbum editado pela Devir Livraria que reúne a algumas das histórias curtas realizadas pelos gémeos para o fanzine, sendo também autobiografia do início da sua carreira. Para além do material republicado existem pequenos textos sobre o material e a época em que foram publicados. Para além de podermos verificar a evolução artística do gémeos, é possível ficarmos a saber como foram construindo a sua carreia.

Ao longo de mais de 200 páginas vamos observando a evolução enquanto autores de Gabriel Bá e Fábio Moon, fruto de uma produção regular quase toda ela sendo feita para um simples fanzine, algumas das quais foram publicadas já quando a possibilidade de ser editados nos Estados Unidos era uma realidade e não uma simples miragem, ou um mero desejo.

O facto mais surpreendente é a maioria dos 10 Pãezinhos se limitarem a ser uma página A4 dobrada, um simples fanzine de 4 páginas A5 publicadas semanalmente.


O formato surpreendeu-me, a é ideia foi inspiradora, em particular porque nesta terrinha, os fanzines tornaram-se em complexos objectos de (suposta) arte, geralmente publicadas com uns apoios que se desenrasca ou então são fanzines não assumidos, publicações com belo papel e longas listas de autores (que os tem de comprar se quiserem ficar com uma cópia) são revistas, de nome que no resto... mas enfim. 
Um fanzine de 4 páginas A5 publicado semanalmente é uma boa maneira de ir publicando a um ritmo regular. É claro que isso fazia mais sentido noutra altura. Hoje para ir publicando BD a um ritmo semanal faz mais sentido publicar um webcomic que permite abranger um publico maior e construir uma narrativa mais complexa que curtas histórias de 1, 2 ou 4 páginas. Contudo a ideia de um fanzine pequena e regular ficou na minha cabeça, não gosto muito de fazer história de 4 páginas ou menos, tenho uma fixação de que histórias curtas devem de ser de 8 páginas.

Depois de pensar algum tempo lembrei-me que se fosse dobrasse uma página A4 em 4 ficava com 8 páginas, mesmo assim parecia-me pequeno demais, sobretudo para algo que na altura considerava fazer no máximo a um ritmo trimestral, duplicando o número, já dava 16 páginas, um tamanho que já considerava razoável e me permitia manter o custo num minimo.

O formato A6 agrada-me, tem muitas limitações em termos de espaço, mas permite  fazer uns livrinhos engraçados. Desde de que li vários números das colecções Quadradinho e Patte de Mouche que queria fazer algo para esse pequeno formato, cheguei a escrever,  e fazer layouts para uma história nesse formato, mas nunca chegou a ser concluída.

A ideia agradava-me, gostava do formato, e 16 páginas era algo que me permitia voltar a desenhar sem me estar a comprometer com uma história longa. Apesar de ter continuado a escrever e fazer layouts para histórias, tenho desenhado muito pouco, não é o meu forte e não foi algo em que tenha investido muito tempo. Um fanzine A6 de 16 páginas num ritmo mensal ou trimestral com histórias curtas era uma boa maneira de voltar a ter projectos de BD concluídos. Os projectos inacabados, ou aguardando por desenhista, foram-se acumulando e estava com vontade de começar a concluir algumas coisas.

O Minizine era uma boa maneira de concluir e publicar num modo económico algumas coisas. Peguei nos apontamentos, vi o que poderia ser convertido num formato A6, comecei a rabiscar ideias para BD’s, ilustrações e curtos contos. A ideias foram-se acumulando, já tinha histórias para mais de um fanzine. Fui escrevendo os guiões, como os problemas do dia-a-dia não são poucos, e andei com muitas reticências para voltar a desenhar, o tempo foi passando sem que terminasse as histórias. Para além disso já tinha mais coisas escritas do que poderia desenhar, comecei a procurar desenhistas para ilustrar algumas das curtas. As histórias não são muito longas, o formato pequeno, o investimento de tempo e trabalho por parte dos desenhistas não seria muito. Acabei por encontrar alguns desenhistas que aceitaram desenhar as histórias e o que era para ser um regresso solitário acaba por ser com boa companhia. 

Depois de anos de exílio voltei, tendo tido a sorte de todas a colaborações terem resultado bem. Agora que o material já está pronto, ou quase concluído para a primeira edição, a minha grande dúvida é se publico mesmo em A6 ou A5, é que aquelas pranchas até ficavam bem num formato maior. Contudo, depois de ter passado de 16 páginas, para 24 até ficar definido que seria uma edição de 28 páginas, o melhor será ficar-me pelo plano que estava estabelecido. Convém não começar a complicar o que deveria ser uma ideia simples e que deverá ter no mínimo umas 3 edições num ritmo bimenstral.

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