Chamem-lhe saudosismo mas tenho saudades das secções de BD dos jornais regionais que divulgavam a BD dum modo abrangente. Era uma maneira simples e prática de ir ficando a conhecer o que se ia fazendo a nível “profissional” e “amador”. Essas secções tinham muito pouco peso na venda de fanzines e similares, embora conseguissem ser mais relevantes que secções de jornais nacionais. Contudo para quem publicava (ou queria ser publicado) era uma boa maneira de ir ficando a conhecer o que se ia fazendo por esse Portugal fora e também no exterior.
Curiosamente hoje que a internet tornou a circulação de informação mais fácil, esta encontra-se mais dispersa do que à uma década ou duas.
Apesar das suas falhas a
Central Comics ainda é o melhor site a nível de divulgação de informação, é abrangente não possuindo um existe um linha “editorial” que veda a difusão de determinadas obras. É também o único site que existe, o restante são blogs dispersos que são um reflexo dos gostos pessoais dos autores, e não um projecto “jornalistico” para divulgação do “mercado” nacional de banda desenhada.
Mesmo assumindo que a maioria dos blogs pertencem a fãs, sem qualquer tipo de formação jornalistica, não se compreende a ausência de um projecto jornalistico um pouco mais ambicioso que um blog. O jornalismo que existe a nível de banda desenhada vive muito dos fãs, e ausência de formação jornalistica não impediu o surgimento de fanzines e sites dedicados á promoção e divulgação que foram ferramentas cruciais para o desenvolvimento da Banda Desenhada.
Eu para me chatear com pessoas têm de me pagar, sim porque uma crítica negativa escrita, mesmo que bem argumentada, implica que se perca uma amizade no final… os portugueses na sua generalidade são assim. Por isso o país também está onde está, não é só em relação à BD, e em relação a tudo." – Nuno Amado
As palavra do Nuno Amado foram retiradas de um texto
publicado no
Leituras de BD onde esclarece que não é um crítico mas um divulgador de BD, uma distinção que a maioria das pessoas não compreende, a começar pelos próprios. Para divulgar a Banda Desenhada não é preciso fazer um tratado relativamente à perfeição como uma obra capta a problemática do migração das andorinhas, contudo, convinha que existisse um mínimo de esforço (e conhecimento) para pegar num
press release e transforma-lo num texto que divulgue e enquadre um lançamento, não se limitando unicamente a divulgar um informação onde (por vezes) um auto-promoção exacerbada.
O
Leituras BD até é um dos
blogs mais abrangentes em termos da informação que divulga, mas é essencialmente um
blog pessoal, como são todos os restantes. Sei por experiência própria que ter acesso a informação não é fácil, existem autores e editores (sejam eles amadores ou "profissionais") que não se dão ao trabalho de fazer a informação chegar a quem a pretende divulgar, quando não são grandes meios de difusão, ou suficientemente "profissionais". Andar à cata de notícias é um bocado irritante. Agora isso não justifica que existindo críticos/divulgadores “oficiais” que sendo capazes de colaborar em Associações que (supostamente) visam a divulgação da Banda Desenhada sejam incapazes de desenvolver um projecto Informativo no sei destas Associações, nem que seja como meio de informação dos associados.
O defunto clube Comicarte durante vários anos editou um boletim que informava o sócios do que era editado a nível nacional, e com referências ao que consideravam mais relevante a nível internacional, era uma simples página A4 com pequenas noticias e criticas, a algo simples e eficaz, perfeitamente replicável hoje em dia utilizando um ferramenta como o Blogger, que até elimina os custos que a impressão de um boletim de papel possuindo a vantagem de a informação não estar limitada pela espaço físico de uma publicação de papel.
Existem pelo menos umas 3 Associação cujo principal objectivo é a promoção/divulgação da banda Desenhada, contudo nem uma tem um veículo de informação que divulgue algo mais que os eventos da Associação e dos seus associados. Compreendo a primazia que esses eventos tem, e devem ter, numa associação; é mais difícil de compreender ficarem centrados unicamente nesses eventos e publicações. Uma informação mais abrangente tornaria a visita desses veículos de informação mais apelativa, não só para os associados mas também para o público em geral. E poderia ser útil aos associados ficarem a par do que se passa num mercado que (supostamente) lhes interessa.
Contudo vivemos num país onde as pessoas gostam muito de viver centradas no seu umbigo, no circulo de amigos e associados lamentando que o mundo os ignora e não dá valor ao que fazem.
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